A origem do Minigarden

A origem do Minigarden

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Não é simples contar a história do Minigarden de uma só vez porque ela é longa e envolveu várias pessoas mas vou traduzi-la do meu ponto de vista. Acredito que vale a pena saber como é que finalmente chegámos ao Minigaden Vertical, um produto que ao primeiro olhar pode parecer uma simples floreira mas que esconde muita sabedoria. A sua simplicidade engana: embora não seja evidente, o Minigarden integra sistemas inovadores, pensados para garantir o sucesso do crescimento e manutenção das plantas.

A semente que deu origem à produção vertical

Tudo começou na cabeça do meu pai, Manuel Maria Rodrigues, um empreendedor nato, com vasta experiência em quase todos os sectores de actividades (agricultura, indústria, comércio e serviços). Foi ele que começou a testar, ensaiar e a desenhar o sistema. O início do Minigarden partiu de uma necessidade simples — a vontade do meu pai em manter-se activo durante a reforma. Depois de dar voltas à cabeça e como tem netos, pensou em partilhar com eles a alegria de plantar morangos. Para isso, construiu várias floreiras na vertical, que funcionaram como uma semente para um projecto em altura. Os morangos foram surgindo com fartura e os modelos foram sendo modificados para garantir o sucesso da produção.

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De uma maneira mais concreta, as raízes agrícolas da nossa empresa, a Quizcamp, são o ponto de partida do Minigarden. A empresa foi fundada em 2005 e adquiriu uma propriedade de 110 hectares, localizada numa das zonas mais desfavorecidas da Europa, o Alentejo, para se instalar e implementar o seu projeto. A ideia inicial era produzir e comercializar refeições pré-cozinhadas, enquadradas na alimentação saudável que a dieta mediterrânea proporciona, e outros produtos alimentares de elevada qualidade. Para isso, rapidamente percebemos que seria fundamental colher os vegetais, legumes, leguminosas, ervas aromáticas e os frutos na altura certa para preservar os sabores e aromas que tanto gostamos. Por outras palavras, a proximidade da produção agrícola era essencial.

Para além disso, a qualidade dos produtos também está relacionada com o controlo da produção agrícola — a utilização de transgénicos e pesticidas tem consequências terríveis das quais nos queríamos afastar. Como acreditamos que a tecnologia pode servir o homem e o meio ambiente em simultâneo, optámos pela produção integrada, um sistema que utiliza recursos naturais e mecanismos de regulação que não prejudicam o ambiente. Ou seja, em apenas duas palavras, agricultura sustentável. Por último, para sermos bem sucedidos, seria essencial produzir com baixos custos de exploração, nomeadamente a mão de obra. Menos mão de obra traduzia-se em preços mais competitivos.

Por estas razões tão importantes para nós, decidimos focar-nos em desenvolver um novo sistema de cultivo que produzisse mais e com mais qualidade. Foi assim que a simples floreira criada pelo meu pai para produzir morangos com os netos foi adaptada através de testes que comprovaram o nosso entusiasmo pela produção vertical.

Mas a história estava apenas a começar.

Da agricultura à jardinagem vertical

De início, os objectivos para o Minigarden eram diferentes, até que nos apercebemos da sua genialidade. Nessa altura, sentimos a obrigação de levar este produto aos quatro cantos do mundo e a ideia acabou por ganhar contornos internacionais.

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Depois de identificarmos a necessidade de um novo sistema de cultivo, investimos em moldes, produzimos as peças e demos início aos primeiros trabalhos de campo com várias culturas ao ar livre — ervilhas, favas, aromáticas, hortícolas de pequeno e médio porte, e morangueiros — tanto de sementeira directa, como de plantação. Por fim, passámos para ensaios em estufa.

Durante esta fase estimulante de experiências e testes, recorremos a competências técnico-profissionais externas e independentes de engenharia agrícola. A Engª Marlene Coelho, que fez um estágio connosco e passado um ano se juntou à empresa, foi incansável e uma ajuda preciosa nos estudos deste sistema de cultivo vertical. Os ensaios superaram as nossas expetativas e confirmaram que a nossa ideia teria um enorme potencial para a produção agrícola de algumas culturas. Durante este tempo, fomos conhecendo melhor o Minigarden Vertical e a aprendizagem levou ao seu aperfeiçoamento.

A familiaridade ganha ao longo desta primeira fase fez-nos repensar a nossa estratégia. O objectivo tornou-se mais revolucionário: dar a conhecer ao maior número de pessoas possível esta novidade tecnológica, ambiental e estética. O Minigarden passou a ser uma ferramenta educacional do mundo. Assim, de uma necessidade surgiu a oportunidade de nos focarmos no cultivo urbano.

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Eu acredito que o paraíso é o nosso planeta Terra. Os meus pais sempre me incutiram o respeito pelos outros seres vivos. Infelizmente, a evolução do Homem não tem estado à altura do legado que recebeu. Mas eu acredito no Homem, acredito que podemos deixar aos nossos filhos um mundo melhor do que o que recebemos. Apesar de estarmos à beira do abismo, acredito que chegou o momento de fazermos qualquer coisa de diferente. E é isso que o Minigarden oferece: uma oportunidade de mudança.

A revolução verde urbana

Percebemos então que este sistema de cultivo servia que nem uma luva no cultivo urbano. Assim, a sintonia com a natureza, que me foi passada enquanto crescia pelos meus pais, podia chegar a pessoas do mundo inteiro.

O foco passou a ser diferente: fazer evoluir o nosso sistema para a realidade citadina. Então, decidimos redesenhar o produto, mantendo todas as novidades e funcionalidade do modelo anterior. A evolução culminou num Minigarden mais fácil de utilizar e que permitia mais configurações com menos peças. No fim de 2006, chegámos ao Minigarden Vertical como o conhece hoje em dia.

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O Minigarden oferece uma maneira inovadora de cultivo e jardinagem urbana. As vantagens e possibilidades são tantas que quase inviabilizam a criação de uma lista mas centram-se na simplicidade e modularidade do conceito, nos hábitos alimentares e nas vantagens ambientais, educacionais e para a saúde. As oportunidades são muitas e apenas limitadas pela criatividade de cada um.

O Minigarden Vertical foi o nosso momento Eureka e o seu percurso foi brilhante, apesar das situações menos agradáveis que acontecem em qualquer projecto. Os obstáculos que temos enfrentado talvez sejam um sinónimo do sucesso do nosso produto e, por isso, gostava de destacar uma história e o seu final feliz.

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Dizem que a imitação é a mais sincera forma de elogio, no entanto, a cópia não é o género de louvor que procuramos. Depois de investirmos a nossa criatividade e recursos na criação do Minigarden, queremos que o público tire o máximo de partido deste produto brilhante mas também o queremos proteger. Por essa razão, fizemos o registo da patente.

Contudo, a contrafação teima em aparecer: depois de pagarmos ao governo chinês os registos da patente e dos modelos industriais, tivemos conhecimento de uma cópia do Minigarden Vertical à venda num site chinês. Após diversas diligências, identificámos e notificámos a empresa chinesa que estava a produzir e a comercializar a contrafação. Pedimos-lhes que parassem com o acto ilegal, não uma mas duas vezes, e da segunda através dos nossos advogados. Nunca obtivemos resposta e a conversa tomou o rumo de um monólogo. O produto contrafeito começou a aparecer à venda na Europa e Austrália mas era rapidamente retirado dos estabelecimentos assim que avisávamos as empresas da ilegalidade. No entanto, a única forma de cortarmos o mal pela raiz foi avançar com uma acção judicial no tribunal chinês contra a empresa infractora. A batalha foi ganha e a justiça reposta.

Acreditamos, sem qualquer dúvida, na excelência e genialidade do produto que criámos, porém, às vezes temos de nos agarrar a histórias de valor de maneira a nunca baixarmos a cabeça. Existem vários momentos positivos na história do Minigarden mas há um em especial que me dá sempre força. Foi o maior elogio que tive até hoje do Minigarden e recordo-o nas alturas mais difíceis.

Passou-se em 2008, em Tóquio, na GARDEX, a maior feira do sector da jardinagem do Japão. A feira durou três dias e o número de visitas ao nosso stand foi, como de costume, elevado — um claro reflexo do interesse pelo produto. No primeiro dia, já a tarde ia a meio, atendi uma arquitecta paisagista japonesa, que não falava inglês.

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Com a ajuda da tradutora que nos apoiou naqueles dias, apresentei o produto à arquitecta e iniciámos uma conversa longa e interessante, motivada pelas suas perguntas pertinentes e detalhadas. Ela mostrou um profundo interesse e compreensão das funcionalidades únicas do Minigarden Vertical e terminou a troca de palavras com um discurso bastante elogioso ao nosso produto. A sintonia foi tão clara que até comentei com o meu colega Pedro Mendonça, na altura o Gestor de Produto, e com a tradutora, que tinha ficado impressionado com a forma como a senhora tinha percebido o produto.
No dia seguinte, também a meio da tarde, a senhora voltou acompanhada pelo marido. Ele falava inglês e disse-me estar curioso acerca do produto brilhante de que a mulher lhe tinha falado. Depois de apresentar o produto, ele teceu grandes elogios ao Minigarden Vertical e entregou-me uma carta que a esposa tinha escrito sobre o nosso sistema de cultivo. A carta estava escrita num inglês perfeito e o conteúdo era impressionante porque enaltecia as qualidades do Minigarden de uma forma emocionante.

O que mais me comoveu, ao ponto de me embargar a vista, foi a forma como ela descreveu e imaginou o percurso de desenvolvimento do Minigarden, desde a génese até aquele momento — tal como eu fiz, de maneira mais metódica e real, através destas palavras.