Nuño García Castaño é formado em Biologia pela Universidade de Salamanca, especialista em Jardim pela Universidade de Almería e Mestre em Jardinagem pela Universidade Politécnica de Madrid. Tem mais de 20 anos de experiência, dedicados ao design e manutenção de jardins públicos e privados e está a frente da Viveros Madrona e Gea Paisajismo.
Foi através do projecto “A Cascata” – uma cascata verde no pátio interior dos escritórios da Microsoft em Madrid – que teve o seu primeiro contacto com o sistema vertical Minigarden. O desafio deste projecto era criar um local de inspiração, num espaço de trabalho de excelência, onde uma porta liga a tecnologia à natureza.
Fale-nos um pouco da experiência que teve com o sistema vertical Minigarden neste projecto?
A experiência foi extremamente satisfatória, começando pelos aconselhamentos iniciais e durante a instalação, bem como os trabalhos de manutenção subsequentes. Nas reuniões anteriores à instalação, Mário Esteves, representante da marca, explicou-nos detalhadamente todas as características e pormenores da instalação e auxiliou-nos durante a execução do mesmo, já que foi o nosso primeiro contato com este sistema. A instalação foi rápida e limpa, uma vez que o sistema é estanque, está muito bem pensado para obter um resultado magnífico.
Como Biólogo e como instalador de jardins, o que acha do sistema vertical Minigarden?
Como o sistema vertical Minigarden tem contentores para o substrato, reproduz mais fielmente as relações das plantas com o solo na natureza e é muito mais estável do que os sistemas de mantas/geotêxteis, por exemplo. Dentro do substrato não só se desenvolvem as plantas que plantamos, mas também toda uma flora e fauna típicas dos solos que influenciam de uma maneira positiva a vegetação. Quanto ao consumo de água, é ótimo, uma vez que o substrato retém parte da água e o desenho dos módulos reduz a evaporação da mesma no substrato, permitindo ainda a aerificação do mesmo.
Porquê Minigarden no momento da instalação?
Devido à sua simplicidade, robustez, flexibilidade e capacidade de ser autoportante.
Quais são os conselhos que deixaria para quem quer trabalhar com o sistema vertical Minigarden?
Que aproveite ao máximo as suas capacidades. Por exemplo, para paredes ensolaradas é um sistema excecional, já que o substrato não seca tão rapidamente como nos outros sistemas e não necessita de tantas regas.
Outro conselho é não ter medo de fazer paredes altas, uma vez que se comporta genialmente pela sua capacidade autoportante.
Como tem assistido à evolução dos jardins verticais?
Desde que Patrick Blanc instaurou a moda dos jardins verticais, a tecnologia evoluiu muito e surgiram diversas tipologias de sistema no que concerne à forma de os construir, desde os sistemas baseados em geotêxtil de primeira geração, que usam sistema de rega embebida, os quais têm evoluido para: sistemas que combinam geotêxtil com malhas estruturais; bolsas em formato modular; estruturas de malha metálica com musgo/Sphagnum; módulos de vários tamanhos com lã de rocha; sistemas modulares em plástico; metal, de vários tamanhos e desenhos… Sem mencionar as melhorias dos substratos. Neste momento, existe uma grande variedade de formatos e possibilidades, algumas muito eficazes e eficientes, outras que só podem ser aplicadas em circunstâncias específicas e outras que se mostraram desastrosas. Teremos que aguardar mais alguns anos para vermos como certas tecnologias envelhecem, uma vez que a jardinagem vertical ainda tem muito terreno pela frente.
A cidade tem falta de espaços verdes?
Nas zonas urbanas a possibilidade de ter novas superfícies horizontais para jardins é muito pequena, no entanto, existe uma grande disponibilidade de espaços verticais ajardináveis. Estamos cada vez mais conscientes da necessidade da presença de mais plantas nas cidades, para fixarem o CO2, fixarem partículas em suspensão e ajudarem a aliviar o efeito “ilha de calor”. As plantas removem o CO2 e outras substâncias nocivas da atmosfera e libertam oxigénio, arrefecem e humidificam o meio ambiente. Em muitas cidades, a única opção para colocar mais plantas são os jardins verticais ou jardins na cobertura de edifícios.
Jardins Verticais nos escritórios da “Accenture” em Madrid
Na sua opinião, a “verticalização” dos jardins é uma solução que veio para ficar? Esta solução está a captar cada vez mais o interesse de todos. Acha que esta solução é a ideal para jardins de interior?
Os jardins verticais vieram definitivamente para ficar. Apresentam excelentes benefícios, especialmente quando não se dispõe de uma superfície horizontal para ajardinar. É uma ferramenta para jardinagem e arquitetura com um resultado espetacular.
A mesma filosofía que se aplica às cidades, também é aplicada aos jardins interiores. Os jardins verticais interiores melhoram o meio ambiente, sem esquecer os benefícios psicológicos e estéticos de se poder sentar em sua casa ou escritório, em frente a uma “floresta interior”.
Qual o critério e cuidado que tem no processo de escolha das plantas? Tem em consideração a frequência de manutenção num jardim vertical com o sistema Minigarden?
A seleção de espécies e variedades de plantas é uma das decisões mais importantes na jardinagem vertical e é muitas vezes a diferença entre o sucesso e o fracasso. Depende do clima, da orientação, do sistema utilizado, da manutenção que faça ou se queira realizar. Para escolher as plantas, devemos ter em consideração o crescimento que terão e imaginar como o jardim será esteticamente daqui a três, cinco ou dez anos.
Os períodos em que as temperaturas sobem ou descem bastante exigem cuidados de proteção redobrados. Acha que o sistema Minigarden está preparado para estes períodos?
O sistema vertical Minigaden tem uma grande vantagem em relação aos outros sistemas: tem um comportamento estável em relação à variação das temperaturas. O facto de o substrato estar dentro de uma parede de plástico, tem várias vantagens. A parede do módulo isola o interior e os 17 cm de substrato protegem as raízes contra o gelo ou temperaturas extremas.
Acha o sistema Minigarden adequado para espaços públicos?
Claro, os módulos resistem muito bem ao clima e ao vandalismo, além disso o sistema de rega está oculto dentro dos módulos, por isso está bem protegido.
Com base na sua experiência em manutenção de jardins verticais Minigarden, no exterior e no interior, quais os factores que acha essenciais para um projecto duradoiro?
É muito importante que a manutenção tenha uma série de considerações durante a montagem e que os responsáveis pela manutenção saibam. Primeiro é essencial conhecer a tecnologia, familiarizar-se com os módulos e saber a forma de fixação, ter claro o desenho da distribuição de plantas, sistema de drenagem, segmentação da rega, orientação da parede, se tem luz natural ou se é necessário fornecer iluminação artificial e selecionar as plantas que se adaptem bem às condições do local. Em relação à manutenção propriamente dita, é necessário ter em consideração um calendário de poda e adubação, ajustar a rega de acordo com as diversas estações e as necessidades de cada jardim, monotorizar o pH e a condutividade eléctrica do substrato.